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Monday, February 6, 2012

Intervenção da Presidente da GMPTL Deputada Josefa Pereira Soares




REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DE TIMOR LESTE
PARLAMENTO NACIONAL

GRUPO DAS MULHERES PARLAMENTARES DE TIMOR LESTE (GMPTL)

 Intervenção da Presidente da GMPTL
Deputada Josefa Pereira Soares

Celebração do Dia Internacional das Mulheres

8 de Março de 2012



Excelentíssimo Senhor Presidente do Parlamento Nacional,

Excelentíssimas Senhoras Deputadas e Senhores Deputados,

Prezados representantes da comunidade internacional,

Caros e caras colegas,

Hoje, nos reunimos nesta Plenária para celebrar antecipadamente o Dia Internacional das Mulheres, cuja celebração ocorre sempre no dia 8 de Março. Considerando o calendário eleitoral de Timor-Leste e tendo em conta a participação ou a função política dos Deputados, decidimos antecipar a celebração desta data tão especial e gostaria de compartilhar com os Excelentíssimos colegas algumas reflexões.
A celebração do Dia Internacional das Mulheres consagra as conquistas alcançadas pelas mulheres depois de décadas de luta e resistência a uma posição de submissão. Essas conquistas dizem respeito à igualdade, à justiça, à paz e ao desenvolvimento e são celebradas por mulheres e homens em todos os continentes, independentemente das fronteiras territoriais, da raça, do idioma, e das ideologias culturais e políticas.
A celebração do Dia Internacional das Mulheres é também uma oportunidade de fazer uma homenagem a todas as mulheres que lutaram para que gerações seguintes pudessem participar na sociedade em uma situação de igualdade aos homens. É, pois, com admiração que reconhecemos a coragem das mulheres que lutaram por um mundo mais justo e representativo, onde o respeito pelos direitos e pela dignidade de mulheres e homens devem prevalecer, sem discriminação com base no género. 
O Dia Internacional das Mulheres marca, então, as conquistas económicas, políticas e sociais das mulheres e gostaria de analisar essas conquistas para as mulheres de Timor-Leste.
A nossa Constituição consagra a igualdade de homens e mulheres em todos os domínios da vida familiar, social, económica e política. Nos últimos anos, as mulheres passaram a ser encorajadas a participar de maneira ativa na vida política do nosso país, seja como eleitoras, seja como candidatas. Um demonstração desse fenômeno é o número de mulheres candidatas para as próximas eleições presidenciais. Nos orgulhamos com a candidatura de três mulheres para Chefe de Estado, de um total de 14 candidatos até o momento, e esperamos que o exemplo e liderança dessas três mulheres inspirem muitas outras.
 O número de mulheres activas na política tem aumentado graças à determinação e ao interesse das mulheres e também a uma política afirmativa que visa a acelerar a igualdade de género. No Parlamento, como bem sabem, temos uma quota mínima para as mulheres, que foi aumentada no ano passado e  que contribuirá para maior representação das mulheres nesta Casa na próxima legislatura. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer os Deputados e as Deputadas que votaram a favor da segunda alteração à lei eleitoral, que aumentou a representação das mulheres no Parlamento.
Hoje, no Parlamento Nacional, temos 21 Deputadas. Todas fazem parte do Grupo das Mulheres Parlamentares de Timor-Leste (GMPTL). O Grupo vela pela participação activa da mulher na vida política e pela promoção de questões relativas à igualdade de género e tem alcançado resultados substantivos, a exemplo da análise de leis e orçamento do Estado sob a perspectiva de igualdade de género. O Grupo tem também enriquecido os debates parlamentares de forma a conscientizar os cidadãos e colaborar para uma transformação social ao utilizar a plataforma da igualdade de género e do empoderamento das mulheres.
O GMPTL tem contribuído para o fortalecimento e a participação política das mulheres, que é incentivada não somente pelas parlamentares, mas também, e principalmente, por organizações não governamentais nacionais (Caucus iha politika, Rede Feto e outras organizações congéneres) e pela comunidade internacional.
As conquistas políticas das mulheres em Timor-Leste têm sido acompanhadas de resultados económicos e sociais.
Na área da educação, o percentual de meninas matriculadas na escola primária (78%) é quase igual aos dos meninos (80%). Na escola secundária, o número de meninas matriculadas é maior que o número de meninos. Nas escolas técnicas, 40% dos alunos são meninas.
No campo profissional, acabamos de aprovar a Lei do Trabalho, que garante a homens e mulheres o direito à igualdade de oportunidades e de tratamento no que se refere ao acesso ao emprego, à formação e à capacitação profissionais, bem como às condições de trabalho e à remuneração.
A protecção à dignidade da mulher foi reforçada com a aprovação da Lei Contra a Violência Doméstica, que estabeleceu o regime jurídico aplicável à prevenção da violência doméstica e à protecção e assistência às vítimas.
Apesar de todas as conquistas e do potencial de desenvolvimento, existem ainda, infelizmente, vários desafios a serem superados. Gostaria, hoje, de focar nos desafios relacionados à saúde reprodutiva das mulheres e na altíssima taxa de mortalidade materna.
Em Timor-Leste, a taxa de mortalidade materna é excessivamente alta. Corresponde a um índice de 557 mortes para cada 100.000 partos. A taxa de fertilidade, por sua vez, é uma das mais altas do mundo. Aqui as mulheres têm em média entre 5 a 7 filhos. A gravidez precoce também é alta, o que faz de Timor-Leste o segundo país no Sudeste Asiático com a maior taxa de gravidez na adolescência. Esses dados foram recolhidos durante a Conferência Nacional sobre Saúde Reprodutiva, Planeamento Familiar e Educação Sexual, realizada em Dili entre os dias 11 a 13 de Julho de 2010, sob a direcção do GMPTL, que teve a presidência do Comité Gestor para a Conferência. A Conferência Nacional mobilizou esforços da comunidade local e internacional e gostaria de fazer um agradecimento especial ao UNFPA, UNMIT, UNDP, UNICEF, UN Women, ao Gender Resource Centre e aos Deputados, especialmente os membros da Comissão E e F, pelo apoio para a realização do evento.
A questão da saúde reprodutiva e do planeamento familiar em Timor-Leste é de vital importância para o desenvolvimento do país. Desde 2003, a população tem crescido no ritmo de 3.5% . A redução das altas taxas de natalidade e de mortalidade em Timor-Leste devem ser prioridades na busca do desenvolvimento e de bem-estar dos nossos cidadãos e a melhoria da assistência sanitária, principalmente às mulheres, torna-se, desta forma, indispensável.
Na ocasião da celebração do Dia Internacional das Mulheres, gostaria de aproveitar para fazer também o lançamento do relatório da Conferência Nacional sobre Saúde Reprodutiva, Planeamento Familiar e Educação Sexual. Infelizmente, mais de um ano se passou entre a realização do evento e o lançamento oficial do Relatório. Apesar do atraso, porém, o tema não perde em importância.
O relatório identifica os maiores desafios relacionados à saúde reprodutiva, planeamento familiar e educação sexual, e traz recomendações feitas pela sociedade durante a Conferência. Os desafios identificados foram essencialmente a falta de serviços e de profissionais da saúde, falta de transporte e infraestrutura, e falta de educação e informação sobre a saúde reprodutiva. A identificação desses problemas foi importante para a formulação das recomendações e para a adopção da Declaração para a Redução da Mortalidade Materna e Infantil, Taxa de Natalidade e Gravidez na Adolescência em Timor-Leste.
O sucesso da Conferência Nacional depende da implementação das recomendações endereçadas ao governo, às sociedades civis, ao parlamento, à igreja, à PNTL e à comunidade em geral. As recomendações encontram-se no relatório (anexo V) e também na brochura distribuída a todos nessa Plenária. Reitero o comprometimento do GMPTL quanto às recomendações feitas ao Parlamento, e peço a assistência de todos os colegas na difusão do conteúdo do relatório, bem como na promoção da implementação das recomendações.
O respeito ao direito à saúde reprodutiva e ao planeamento familiar significa respeito à dignidade da mulher. Por ocasião da celebração do Dia Internacional da Mulher, reitero a importância desses temas para o desenvolvimento de cada cidadão e desenvolvimento da nação.
Senhoras e Senhores Deputados,
Antes de finalizar a minha intervenção, gostaria de reforçar o papel da mulher na manutenção da segurança e da paz, principalmente considerando o contexto eleitoral de Timor-Leste.
A paz sustentável e a segurança são responsabilidade de todos: instituições do estado, escolas, igreja, organizações não-governamentais, partidos políticos e  também de cada cidadão. Cada entidade, dentro da sua competência, tem o dever de promover a paz e a segurança. O papel da mulher se destaca pelo seu potencial de promover reconciliação e de formar os valores das futuras gerações, a começar no âmbito familiar, com os próprios filhos. Ao garantir a participação plena da mulher na vida política de um país, e também a sua participação como agente da paz, há uma melhoria da segurança e do bem-estar das mulheres, de suas famílias e  de toda a comunidade.
No contexto eleitoral, a manutenção da paz e da segurança é de vital importância. O processo eleitoral é uma oportunidade única para estabelecer as bases de uma sociedade justa e democrática. Um ambiente pacífico reforça o comprometimento e o respeito aos valores fundamentais, e permite o desenvolvimento democrático de maneira sustentável e harmónica. Os valores fundamentais são respeitados num contexto eleitoral quando as estruturas sociais e políticas, assim como o processo eleitoral, consideram as vozes e os direitos de todos os cidadãos.
 Encorajo, portanto, as mulheres a actuarem activamente na manutenção da paz e da segurança de nosso país. E aos homens, convido a incentivarem e respeitarem essa actuação.
Para finalizar, gostaria, então, de reiterar a importância do espaço oferecido pela celebração do Dia Internacional da Mulher para fazer uma reflexão das conquistas alcançadas pelas mulheres e dos desafios que ainda permancem. Apesar dos grandes avanços, temos ainda obstáculos a superar, principalmente relacionados à saúde reprodutiva e ao planeamento familiar. Convido os Senhores Deputados e as Senhoras Deputadas a participarem dessa reflexão a fim de que possamos fortalecer o respeito aos direitos e dignidade dos cidadãos de Timor-Leste e também consolidar uma sociedade que tem como príncípio fundamental a igualdade de género.
Muito obrigada.

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